War não é apologia a violência, mas antes de tudo, uma forma de evidenciar a guerra, mesmo que ela seja urbana. Hoje de manhã, acesso o meu email e vejo a seguinte notícia - "War in Rio". Um morador do Rio de Janeiro - Fábio Lopes, além de ter um blog, criou e divulgou um jogo peculiar de tabuleiro - War in Rio. O designer de 29 anos, morador da zona Sul carioca, mestre na sua área, divulgou as fotos e confeccionou o dito jogo em forma de protótipo do que seria o jogado pelas demais pessoas interessadas. No lugar de países, ter-se-ia bairros da cidade, a zona norte, a zona sul, a zona oeste, a baixada fluminense, e o centro. No lugar de exércitos, ter-se-ia as milícias, como o Comando Vermelho, a PM, o BOPE, o Terceiro Comando e outros...
Não. Não tem nada de engraçado. O filme recém lançado, Tropa de Elite, em que o Baralhão de Operações Especiais é a instituições central do filme, mostra não apenas soldados mal pagos pelo Estado do Rio de Janeiro, mas o sofrimento de famílias que contam como seus membros, soldados do BOPE. A situação passa dos limites a muito tempo, desde do Gov. do Sr falecido Leonel Brizola, seguido por Marcelo Alencar, Garotinho e agora Cabral. Diga-se de passagem que os prefeitos nunca foram também conhecidos como gente honesta, digamos assim.
As autoridades reclamam do Governo Federal, mas pagam mal a polícia e mal aparelham a mesma. Se a arte imita a realidade, o filme demonstra viaturas sucateadas sendo usadas pela polícia, mostra policiais tendo que conviver no meio de bandidos, coisa impossível de se combater, por melhor que seja o caráter dos mesmos.
O jogo de Fábio Lopes apenas pega o embalo do filme e mostra, mais uma vez para a sociedade, o quanto uma cidade pode ser tomada por máfias e milícias, numa espécie de poder paralelo ao Estado de Direito: há o Estado, com suas instiuições legais, com suas leis; e há o poder paralelo, na qual as milícias ditam para os cidadãos as demais restrições que os mesmos têm de obedecer para não serem assaltados, para não serem sequestrados, não sofrem qualquer tipo de coação física ou psicológica quando se vive na mesma.
É uma pena. Eu não gosto do Rio, mas tenho pena de quem mora e gosta tanto de uma cidade que está se acabando, que sua economia sobrevive de royalties do Petróleo extraído de lá e quando isso tudo acabar, será tomada pelo narcotráfico, pois esse terá mais poder e receita que o próprio estado do Rio de Janeiro.
Confesso que isso não é particularidade do Rio, mas nas demais cidades, as pessoas brigam, as pessoas protestam e não ficam nesse estado de letargia, de observar que os políticos que elas elegem são nada mais que bandidos de paletó e gravata, tentando lavar dinheiro por meio da máquina pública. Nisso, quando observamos nas demais cidades, há julgamento, há aparição na mídia, como foi o caso de Vitória, no Espírito Santo. Talvez, e possivelmente, o tráfico já tenha até mesmo corrompido a própria mídia, e como todos sabemos, se um Estado detém o poder da mídia, estamos numa ditadura disfaçada, mesmo que ela seja comandada por milícias e bandidos.
Sinceramente, isso é muito triste, e isso pode se alastrar por todo o país, como aconteceu na Itália, se não tomarmos alguma atitude, matando mais gente inocente e não-envolvida com o crime, moradoras ou turistas daquela cidade.
É, prefiro continuar não jogando War.
Veja também Arnaldo Jabor sobre Tropa de Elite no caderno 2 do Estado de São Paulo